terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

EUA tem mais de 700 bancos "problemáticos"

O número de entidades de crédito classificadas como instituições "problemáticas" nos Estados Unidos disparou para 702 no último trimestre de 2009, o nível mais alto de quase 17 anos, anunciou a autoridade reguladora da banca nos EUA, Federal Deposit Insurance Corp. (FDIC), que prevê que este sector continue sob pressão nos próximos meses.

Esta lista confidencial de 702 entidades de crédito, que representam 402,8 mil milhões de dólares de activos, corresponde a mais 27% face aos 553 bancos (345,9 mil milhões de dólares de activos) referidos no final do terceiro trimestre. Trata-se do número mais elevado de bancos problemáticos desde 30 de Junho de 1993.

No final do segundo trimestre, o número de entidades em apuros era de 416 e no início de 2009 era de 252, refere o “Market Watch”. A FDIC não referiu que bancos considera estarem em risco e sublinhou que as entidades incluídas nesta lista não estão necessariamente em iminente risco de falência.

Resultados trimestrais melhores do que em 2008

Segundo a FDIC, a globalidade deste sector registou lucros de 914 milhões de dólares no quarto trimestre de 2009, beneficiando de uma economia em recuperação, mas os melhores desempenhos estiveram concentrados nos maiores bancos.

A “chairman” desta entidade reguladora, Sheila Bair (na foto), sublinhou que estes lucros do último trimestre do ano passado constituíram uma forte melhoria face às perdas de 37,8 mil milhões de dólares reportadas pelo sector no trimestre homólogo de 2008. “Não é que tenha sido um trimestre forte. É que, simplesmente, tinha sido tudo muito mau um ano antes”, referiu Sheila Bair, citada pela Reuters.

Estas declarações sugerem que as autoridades federais acreditam que o sector financeiro está a estabilizar, apesar de o panorama global para muitos bancos continuar a ser sombrio. Na semana passada, a Reserva Federal elevou a sua taxa de desconto – que cobra aos bancos pelos empréstimos de emergência -, o que indica que a Fed considera que o pior já passou, diz o “The New York Times”.

No conjunto de 2009, a indústria da banca registou um resultado líquido de 12,5 mil milhões de dólares. No entanto, foi um valor ainda bastante abaixo dos 100 mil milhões de dólares de lucros totais em 2007.

20 bancos encerrados desde o início do ano

Os órgãos reguladores norte-americanos encerraram já 20 bancos este ano e 185 desde Janeiro de 2008, uma vez que as instituições financeiras continuam a debater-se com perdas derivadas do crédito malparado.

No ano passado, 140 bancos colapsaram nos EUA – o número mais elevado dos últimos 17 anos em termos de falências neste sector. Segundo o “The New York Times”, muitos analistas prevêem que mais algumas centenas de pequenas instituições de crédito colapsem nos próximos anos.

No conjunto de 2007 e 2008, foram 28 os bancos que foram à falência nos Estados Unidos. O Lehman Brothers colapsou em Setembro de 2008 e despoletou uma queda generalizada nas bolsas de todo o mundo.

A Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), que tem actuado como entidade liquidatária das instituições financeiras que entram em processo de falência, refere no seu relatório anual sobre o sector bancário que muitas das 8.100 entidades de concessão de crédito do país conseguiram o “broke even” durante o ano passado, mas que muitas continuam numa situação frágil – especialmente as instituições de menor dimensão.

Estas falências pressionam substancialmente o fundo de garantia de depósitos da FDIC.

Segundo a agência, citada pela Bloomberg, esse fundos apresentava no final de 2009 um défice de 20,9 mil milhões de dólares, contra 8,2 mil milhões no final do terceiro trimestre.

A FDIC garante os depósitos de 8.012 instituições norte-americanas, que contam com 13,1 biliões de dólares de activos. O fundo de garantia de depósitos é mantido para reembolsar os clientes pelos depósitos até 250.000 dólares em contas individuais quando um banco vai à falência, relembra a “Business Week”.

Os incumprimentos nos cartões de crédito, bem como no crédito à habitação e nos empréstimos às empresas, escalaram nos últimos meses de 2009 – a 12ª subida trimestral consecutiva –, se bem que a um ritmo menor.

Mais poderes para a FDIC?

A FDIC poderá ganhar novos poderes com a reforma regulatória do sistema financeiro, sublinha a “Business Week”.

Tanto a Câmara dos Representantes como o Senado – as duas casas que compõem o Congresso dos EUA – estão a ponderar alargar a autoridade desta agência, de forma a poder controlar as actividades de risco de instituições financeiras não-bancárias, sistemicamente importantes, como a seguradora AIG, que contribuíram para o colapso do sistema financeiro em 2008, refere a mesma fonte.


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