segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

A tosse não é toda igual

Há muitos tipos de tosse, todos com uma coisa em comum: incomodam. E muito. Quem a tem e quem a ouve. Para quem a tem, é o cansaço que provoca, a dor no peito que se instala, as noites que se passa sem dormir. Mas a tosse – além de ser um mecanismo vital de defesa - é um sintoma, não uma doença, e pode ter dezenas de origens diferentes… 

Por isto mesmo, é importante perceber qual o tipo de tosse que tem antes de começar a tomar xaropes ou iniciar algum tipo de tratamento. A tosse pode ser seca ou produtiva (com expetoração), aguda, persistente ou recorrente, e pode ocorrer mais no período da noite ou sobretudo durante o dia. E tudo isto são pistas a ter em atenção para perceber a sua origem. 

Primeiro há que perceber o próprio mecanismo da tosse: o tecido das vias respiratórias (faringe, brônquios, diafragma, …) tem, como quase todo o nosso corpo, um mecanismo de autoproteção. Tem recetores responsáveis por detetar qualquer situação potencialmente agressora para o sistema, seja um objeto aspirado, a presença de secreções ou fumo. Estes recetores estão ligados aos nervos da laringe que levam esta informação diretamente para o cérebro. Resultado: tosse como forma de proteger as vias respiratórias e expulsar qualquer obstrução à circulação do ar.

Na origem da tosse estão mais razões do que aquelas que podemos aqui listar. Dezenas largas: gripe, asma, bronquiolite, tabagismo, pericardite e efeitos de medicamentos são apenas algumas delas. Nos casos de tosse agudas (menos de 3 semanas), os sintomas que a acompanham costumam dar uma boa indicação da origem: se há espirros e dor de garganta é provável que seja gripe, a falta de ar e um “chiado” no peito costumam indicar asma, se a tosse é seca e a voz está rouca é sintomático de laringite. 

Quando é uma tosse que se arrasta há mais tempo, persistente, são por norma necessários exames complementares de diagnóstico que permitam perceber de onde vem. Pode ser apenas uma infeção respiratória recente que que deixou as vias respiratórias irritadas, podem ser os efeitos do tabagismo – quando ele existe –, mas também não se podem colocar de lado situações menos frequentes como uma tosse crónica causada por stress emocional (tosse psicogénica) ou refluxo gástrico. 

A tosse nos mais pequenos e os xaropes

De acordo com o pediatra José Azevedo Coutinho, sendo a tosse um dos motivos mais frequentes de visita ao pediatra, nas crianças é por norma uma manifestação benigna que acompanha ou se segue a uma constipação, não precisando de nenhum tratamento, para além das simples medidas de higiene da árvore brônquica. “Nestes casos, a tosse começa muitas vezes por ser seca e irritativa e acaba quase sempre como produtiva, arrastando secreções para serem eliminadas.” Perante o desconforto de ouvir as crianças a tossir, o pediatra lembra que a tosse é quase sempre um mecanismo de limpeza, pelo que não deve ser evitada: as circunstâncias em que é necessário acalmar a tosse devem ser a exceção e não a regra.

Quando tosse é sobretudo noturna, talvez a mais frequente, acontece devido à postura que estimula a saída das secreções. Nesses casos, as medidas a observar são elevar a cabeceira da cama, fazer a higiene da rinofaringe (com soro fisiológico, por exemplo) e aplicar um vasoconstritor nasal por um ou dois dias. A tosse merece especial atenção se se faz acompanhar de outros sintomas, como febre e falta de ar ou nos casos em que interfere com o sono e as rotinas do dia-a-dia. 

O pediatra deixa ainda uma informação importante quanto a xaropes: “Está provado que a maioria dos xaropes para a tosse (expetorantes), que os pais tanto gostam, não tem qualquer efeito na tosse e até podem ser prejudiciais. A Food and Drug Administration (FDA) recomendou recentemente que não se administrassem xaropes para a tosse a crianças pequenas. O mel, numa pequena dose dada à noite demonstrou em estudos recentes publicados na Pediatrics and Adolescent Medicine ser mais eficaz que xaropes.”


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