sábado, 27 de fevereiro de 2010

Nova linguagem de internet promete ser o futuro da navegação

Quando apresentou o tablet iPad no final de janeiro, Steve Jobs mostrou mais um aparelho (além do iPhone e iPod Touch) sem o suporte ao plug-in Flash, da Adobe. Poucas semanas depois, o co-fundador da Apple se justificou, dizendo que a tecnologia estava "ultrapassada" e seria substituída pelo HTML5.

Mesmo a concorrência parece seguir a tendência. O novo sistema operacional para smartphones da Microsoft, o Windows Phone 7 Series, também não oferecerá suporte ao Flash.

De fato, a quinta versão da linguagem de desenvolvimento HyperText Markup Language (HTML), introduzida pelo W3C (World Wide Web Consortium, organização fundada por Tim Berners-Lee em 1994 para desenvolver padrões para a internet) deverá ser implementada em 2012 em definitivo. A novidade pretende tornar a experiência na rede mais rica e simples, sem a necessidade de softwares e plug-ins adicionais ao navegador.

Várias empresas apostam no formato, como o Google, a fundação Mozilla (responsável pelo browser Firefox) e a própria Apple. O incentivo é justificável - o HTML 4.0.1, linguagem utilizada atualmente na internet, já tem mais de dez anos. As grandes transformações pelas quais a web passou já não dão conta do formato, que traduzia páginas que, em 1999, consistiam apenas de imagens estáticas e texto.

Menos memória para vídeos

“O HTML5 traz em sua arquitetura a possibilidade de interação com API´s [aplicativo de interface de programas, na sigla em inglês] para embutir vídeos, armazenar dados de forma off-line e tornar documentos editáveis”, explica André Jaccon, arquiteto de software da empresa de programação Blue Systems. Isso significa que não será necessário um programa adicional – no caso, o plug-in Flash – para utilizar o YouTube, por exemplo, com menos consumo de memória no computador.

“Com a linguagem, surgem novas ‘tags’ específicas para conteúdos relevantes como vídeo, cabeçalhos, menus, contatos, endereços e sessões”, afirma Idmar Ramos Junior, desenvolvedor de web do Centro de Convergência Digital na Fundação Certi, citando campos nos códigos que permitem a adição de multimídia. “Isso maximiza a eficácia de qual e como a informação chega para o usuário”, completa.

O portal de vídeos do Google já oferece uma página de testes com o HTML5, podendo ser utilizada com os navegadores Chrome, Safari e Internet Explorer (apenas com o aplicativo emulador do Chrome instalado). Segundo Ricardo Branco, gerente de comunicação do YouTube na América Latina, a empresa está empolgada com a linguagem como um padrão aberto. “Queremos fazer parte da propagação do seu uso na web”, afirma.

O recurso ainda está na fase beta e possui “algumas limitações”. “O HTML5 no YouTube não tem suporte a vídeos com anúncios, legendas ou anotações e requer um navegador com suporte tanto para a ‘tag’ quanto para vídeos codificados em h.264”, diz Branco. “Futuramente expandiremos as capacidades do player, portanto prepare-se para versões novas e aprimoradas que serão lançadas nos próximos meses”, avisa.

Guerra da Apple

Um dos principais colaboradores da nova linguagem foi David Hyatt, da Apple. Isso poderia explicar muito das rusgas que as duas empresas têm com a Adobe, mas há interesses mais por trás desse boicote.

“A Apple vem dificultando a integração de aplicações com Flash em dispositivos como iPhone, iPod e iPad, alegando que os players diminuiriam a autonomia de bateria”, diz Jaccon. “Eles não querem depender da Adobe para interagir com os usuários”, completa.

Para Ramos, o motivo não é uma rixa entre as empresas, mas sim um investimento em uma tecnologia mais eficaz e não-proprietária. “A Apple com certeza vê nas novas implementações do HTML5 uma forma de evoluir seus produtos e serviços através de uma linguagem aberta, mantida pela comunidade e não por uma empresa privada”, explica.

Segurança

Se por um lado as constantes atualizações do Flash são utilizadas como oportunidade para hackers promoverem golpes disfarçando programas maliciosos como o plug-in da Adobe, o HTML5 também preocupa. “A chance de existir alguma brecha nunca é descartada”, diz Idmar. “Como a linguagem vem com um número bem grande de aperfeiçoamentos e novidades, essas falhas podem ficar mais evidentes”, completa.

“A equipe de desenvolvimento do W3C trabalha duro para minimizar esse tipo de problema, porém, conforme o HTML5 ganhar popularidade, pode vir a acontecer que alguns crackers encontrem falhas que serão usadas para fins malignos. O mesmo acontece com qualquer software ou linguagem disponível no mercado”, avisa.


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