sábado, 6 de março de 2010

Médicos passaram atestados sem exame

Sócio-gerente de escola de condução e antigo instrutor também julgados

Dois médicos, o sócio-gerente de uma escola de condução e um antigo instrutor estão a ser julgados em Albergaria-a-Velha acusados de falsificação de documentos e corrupção. Em causa está a emissão de atestados médicos sem consulta a troco de oito euros cada.

José Manuel Torres e Meneses, de 62 anos, médico em Albergaria-a-Velha e ex-delegado de saúde, e o seu colega, Aníbal Alves da Silva, de 61 anos, de Souto, Santa Maria da Feira, são os dois clínicos que ontem começaram a ser julgados em Albergaria-a-Velha juntamente com António Valente, sócio gerente da Escola de Condução de Albergaria-a-Velha e Manuel Tavares, antigo instrutor daquela escola.

Diz a acusação que os dois médicos passavam os atestados de aptidão física e mental necessários à carta de condução sem que fossem sujeitos a exames médicos presenciais, como é obrigatório, a troco de contrapartidas pecuniárias (cerca de oito euros por atestado) que seriam pagas pela escola de condução.

No caso do clínico de Albergaria-a-Velha, ainda segundo a acusação, os atestados eram também passados na qualidade de autoridade de saúde devido às funções que exercia. Os arguidos são todos acusados de falsificação de documentos (os atestados médicos). Os clínicos respondem por corrupção passiva e o gerente da escola e o instrutor por corrupção activa.

"Se passei foi por engano", disse ontem perante o colectivo de juízes do tribunal de Albergaria-a-Velha José Manuel Torres e Meneses que negou ter recebido dinheiro. "Não reparei que eram atestados de delegado de saúde, senão obrigava-os a ir ao Centro de Saúde", disse o médico no tribunal.

Torres e Meneses acrescentou ainda que recebia os atestados já preenchidos do instrutor Manuel Tavares, que os entregava numa pasta, nomeadamente numa pastelaria onde lanchava, e que passados três dias os devolvia assinados, sem nunca ver os candidatos.

O médico explicou que se tratou de casos em que conhecia familiares dos candidatos ou em que pediu informações aos médicos de família e garantiu que nem sequer conhecia o sócio-gerente da escola de condução. "Nunca recebi nada", sublinhou. "Acho hoje que foi um procedimento errado", rematou. Também Aníbal Alves da Silva afirmou nunca ter recebido dinheiro algum pelos atestados, embora tenha reconhecido que passou "meia dúzia", mas unicamente "por amizade" " com o gerente da escola.

Fonte: Jornal de Notícias

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