segunda-feira, 12 de abril de 2010

Presidente polaco contrariou indicações de controladores aéreos

Uma ordem directa do presidente polaco, Lech Kaczynski, para que que o Tupolev-154 que se despenhou, sábado, aterrasse no aeroporto militar russo de Smolensk, poderá ter precipitado o acidente em que morreram 96 pessoas.

O procurador-geral polaco disse hoje, segunda-feira, que até ao momento nada indica que os pilotos do avião onde seguia o presidente da Polónia tenham recebido ordens para aterrar apesar do mau tempo.

"No estado actual das investigações, não há nenhuma informação que aponte nesse sentido", garantiu Andrzej Seremetis, quando questionado sobre possíveis pressões que os pilotos possam ter sofrido para aterrar o avião apesar das difíceis condições meteorológicas e dos alertas dos controladores aéreos russos.

No entanto, o procurador-geral da Polónia acrescentou que os especialistas vão analisar o ruído de fundo na gravação das conversas entre os pilotos para determinar se "qualquer sugestão" foi feita nesse sentido.

A dúvida surge agora, descartada que está a hipótese de que na origem do acidente poderá ter estado uma falha técnica do aparelho da Força Aérea polaca.

O segundo piloto presidencial, Tomasz Pietrzak, descartou também a hipótese de o seu companheiro ter cometido um erro, lembrando que, noutras ocasiões, o presidente polaco deu ordens ao comandante para aterrar, contrariando as indicações que recebiam da torre de controlo, para evitar atrasos.

Em 2008, Lech Kaczynski ordenou ao piloto do avião que o transportou à Geórgia que efectuasse a aterragem em Tiflis, apesar das advertências contrárias dos controladores aéreos, fazendo uso do seu estatuto de chefe de Estado Maior.

Também no sábado, os controladores aéreos russos recomendaram ao piloto do avião em que seguia o presidente russo que aterrasse noutro destino, devido à intensa neblina que, na altura, se fazia sentir. Ouvida a gravação das conversas entre os pilotos e a torre de controlo não há indícios de falhas técnicas.

Fontes militares russas informaram que o avião polaco foi advertido por diversas vezes pelos controladores aéreos, que recomendaram que os pilotos dessem meia-volta e se dirigissem para Minsk, capital de Bielorrúsia, uma vez que o aeroporto de Smolensk não dispõe de meios para receber aviões em situações de nevoeiro intenso.

"Quando estavam a 2,5 quilómetros de distância, o director do controlo de tráfego aéreo apercebeu-se que a tripulação tinha aumentado a velocidade de descida”, disse Alexander Alyoshin, chefe da Comissão de Instrução da Procuradoria.

"O director do grupo de controlo de tráfico ordenou que a tripulação colocasse o avião na posição horizontal e, uma vez que a ordem não foi cumprida, advertiu por diversas vezes que se dirigissem a outro aeroporto", explicou, ainda. "Apesar disso, a tripulação continuou a descida que, desgraçadamente, acabou em tragédia”.

O trabalho dos investigadores no terreno deverá ser concluído, hoje, segunda-feira.

Fonte: JN

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