A já conhecida tecnologia de ondas de rádio em alta frequência, na faixa dos terahertz, consegue identificar objetos escondidos em roupas e bagagens em aeroportos. Mas as ondas de rádio nessa faixa têm dificuldade de atravessar certos materiais. Neste domingo, o Rensselaer Polytechnic Institute, nos Estados Unidos, anunciou uma descoberta revolucionária para resolver o problema: a modulação do sinal de rádio em feixes de laser.
Em aeroportos, costuma-se usar Raios X para inspecionar as bagagens. Os raios X são ondas de rádio que vibram em frequencias da ordem de 30 petahertz a 30 exahertz (respectivamente, 10 milhões e 10 bilhões de vezes a velocidade do processador de PC mais rápido que existe), mais altas até do que a luz visível e o ultravioleta. Esse tipo de radiação é fácil de se obter porque é emitida por metais radioativos e também facilmente gerada por válvulas termoiônicas . Mas por terem a frequencia alta demais, muitos materiais acabam sendo transparentes para os raios X e portanto não são detectados. Além disso, a radioatividade dos raios X acumula-se no corpo humano ao longo do tempo, o que pode causar câncer.
Um outro método usa microondas, que também são ondas de rádio mas que vibram em um espectro bem mais baixo, na faixa dos gigahertz (de 1 GHz a 100 GHz). Também são fáceis de se obter (todas as telecomunicações de hoje são baseadas em microondas, e na maioria dos lares há fornos que usam microondas para esquentar alimentos) e menos danosas, mas por ter a frequência muito baixa têm dificuldade em atravessar a maioria dos materiais.
A faixa dos terahertz (ou THz, compreendida entre as microondas e o início do espectro da luz visível) oferece um “caminho do meio”. A utilização de ondas de rádio em frequências da ordem dos THz (cerca de mil vezes superior à frequência de trabalho dos processadores atuais) é conhecida há alguns anos, mas sua utilização encontrava dificuldades na interferência oferecida pela umidade dos ambientes na transmissão das ondas, já que elas não são transmitidas em meios líquidos e em metal, explica Xi-Cheng Zhang, diretor do Centro de Pesquisa em THz, no RPI .
Entretanto, os pesquisadores do instituto anunciaram no domingo uma nova forma de transmissão, unindo as ondas de rádio em THz a outra tecnologia já velha conhecida pela ciência. Utilizando feixes convergentes de raios laser, os pesquisadores criam um plasma que pode ser “modulado” pelas ondas de rádio em THz. As perturbações na fluorescência do plasma corresponderiam às informações únicas do material alvo, que são então capturadas por um detector. Os dados recolhidos são automaticamente comparados com padrões armazenados em uma biblioteca e o material sob análise pode ser identificado.
A nova descoberta abre espaço para utilização das ondas de rádio na faixa dos THz para segurança nacional, principalmente em aeroportos, podendo ser bastante útil para fiscalização de bagagens, roupas e objetos esquecidos. , desde que dentro dos 20 metros de alcance. Entretanto, a tecnologia não pode ser utilizada para procurar por objetos possivelmente escondidos em cavidades do corpo – mas, nesses casos, o bom e velho raio X já resolve.
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