sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Banca pode minar dívida soberana e Espanha volta a estar sob pressão

Os analistas do Barclays Capital relembram os apuros de muitas "cajas" espanholas e apontam a fragilidade da dívida soberana de Espanha.


Os problemas na banca podem propagar-se à dívida soberana. Neste momento, aliás, a perspectiva dos mercados é de que governo e banca se tornaram sinónimos. O que deixa Espanha – a braços com os apuros das suas “cajas” – em maus lençóis.

Segundo uma análise do Barclays Capital (BarCap), ramo de investimento do banco Barclays, será dada uma atenção renovada a Espanha, onde a Primavera de 2011 não se afigura fácil.

Os reembolsos - já conhecidos – da dívida, de par com a fraca nova emissão de dívida, sugerem que o governo espanhol precisa de angariar cerca de 30 mil milhões de euros nos primeiros quatro meses do próximo ano, ao passo que – na mesma base – os bancos espanhóis necessitam de cerca de 40 mil milhões. A emissão combinada de 73 mil milhões de euros parece exigente, com metade desse montante focado só no mês de Abril, sublinha a análise do BarCap.

“Trata-se de um grande teste ao apetite dos investidores em relação à exposição a Espanha (governo e banca), especialmente se houver receios renovados em torno da qualidade do crédito”, alerta a nota de “research”.

O BarCap lembra ainda a situação dos testes de stress realizados na Europa, recordando que quatro meses depois os bancos irlandeses estão a precisar de fortes injecções de dinheiro, sugerindo que os pressupostos de perdas desses testes – onde se incluia uma série de “cajas” espanholas - foram demasiado optimistas.

Através do estudo do rácio da dívida/PIB para a banca e para as obrigações do tesouro, o BarCap diz que este é claramente bastante elevado na Grécia, Itália, Irlanda e Portugal, entre outros.

Dívida soberana portuguesa com melhor protecção contra contaminação da banca

“No entanto, curiosamente, podemos também medir a magnitude dos compromissos contingentes com que se deparam os governos se os seus bancos fragilizarem. Nessa base, as dívidas soberanas de Espanha, Reino Unido, Bélgica, Holanda e (obviamente) Irlanda são todas potencialmente vulneráveis”.

“Em contrapartida, as dívidas soberanas italiana, francesa, portuguesa e alemã parecem estar mais protegidas de uma contaminação por parte do sector bancário”, sublinham os analistas do Barclays Capital, realçando que esta abordagem não inclui fontes de financiamento de mais curto prazo, como a taxa de refinanciamento (repo).

Num quadro onde analisa a ameaça que os bancos nacionais colocam às suas respectivas dívidas soberanas, o relatório destaca que Espanha, Irlanda e Holanda apresentam um risco elevado, ao passo que Reino Unido, Portugal, Áustria, Bélgica e Grécia têm um risco médio. Com risco baixo estão a França, Itália e Alemanha.

Se resgate a Espanha se materizalizar, França e Alemanha terão de salvar Zona Euro

A nota de “research” refere ainda que quaisquer problemas nos bancos espanhóis (ou na dívida pública de Espanha) irá ressoar ruidosamente em França e na Alemanha.

“Em primeiro lugar, os bancos franceses e alemães têm exposições substanciais à dívida soberana e à dívida da banca espanhola (...), o que sugere que o risco de contágio de uma crise de confiança nas instituições espanholas é potencialmente elevado”.

“Em segundo lugar, muitos observadores dizem que Espanha é demasiado grande para se permitir que caia. Ao passo que não são ainda claros planos concretos para solucionar a crise espanhola, se o risco de um resgate de Espanha se materializar, é muito provável que as economias francesa de alemã (as mais fortes) tenham de suportar o encargo de resgatar Espanha e, consequenteemente, a Zona Euro”, conclui a análise do BarCap.



Visite a fonte da informação clicando aqui

Sem comentários:

Enviar um comentário