quarta-feira, 4 de maio de 2011

Banco de Portugal acredita que bancos não vão recorrer à ajuda externa

O Banco de Portugal confia na probabilidade de a grande maioria das instituições financeiras conseguir capitalizar-se sem recorrer aos 12 mil milhões de euros que o acordo do Governo com a troika prevê para o sector. 

Segundo disse à Lusa uma fonte próxima das negociações, o regulador acredita que "os bancos vão conseguir capitalizar-se tomando medidas como as que já têm vindo a tomar nos últimos meses", nomeadamente através de aumentos de capital, retenção de dividendos e alienação de activos, "não precisando de recorrer à ajuda, a não ser em última necessidade".

O empréstimo da troika a Portugal será de 78 mil milhões de euros durante três anos e inclui 12 mil milhões de euros para a recapitalização da banca, caso seja necessária.

De acordo com o memorando de entendimento, "o Banco de Portugal vai agora exigir aos bancos, sujeitos a supervisão em Portugal, que atinjam um rácio 'core tier I' de 9% no final de 2011 e de 10% no máximo até ao final de 2012 e mantê-lo a partir daí".

O rácio 'core tier 1' estabelece um nível mínimo de capital que as instituições devem ter em função dos requisitos de fundos próprios decorrentes dos riscos associados à sua actividade. Desta forma, este rácio é apurado através do quociente entre o conjunto de fundos próprios das instituições financeiras, designado de 'core' e as posições ponderadas em função do seu risco.

Tendo em conta a mesma fonte, o regulador presidido por Carlos Costa (na foto) até acha "excessiva" a exigência destes rácios, mas desvaloriza por serem "graduais". Recorde-se que o Banco de Portugal ainda recentemente comunicou que subiu as exigências de capital aos bancos este ano, mas para os 8%.

A 31 de Março, o 'core tier 1' do BES era de 7,9%, mas com a venda de activos - ainda recentemente alienou a maior parte da posição no Bradesco - o banco afirma que este será reforçado em 30 pontos base para 8,2%.

Já o BPI fechou o primeiro trimestre com este rácio em 8,96% e o Santander Totta com 10,7%. O BCP, que durante esta semana está a realizar a segunda fase do aumento do capital, tinha no final do ano de 2010 um rácio 'core tier 1' de 6,7%. Com o aumento de capital, que poderá variar entre 1,12 e 1,37 mil milhões de euros, este rácio ficará entre 8,4 e 8,7%, segundo a estimativa do analista André Rodrigues, do Caixa Banco de Investimento.

Ainda no final de 2010, a Caixa Geral de Depósitos tinha um rácio de capital 'core Tier I' de 8,83% e o Banif de 7,86%.

Ainda assim, acrescentou a mesma fonte, o regulador está satisfeito com o facto deste dinheiro ficar à disposição das instituições financeiras portuguesas "em caso de necessidade".

O primeiro-ministro, José Sócrates, anunciou na terça-feira à noite, numa comunicação ao país, que o Governo conseguiu um "bom acordo" com a 'troika' internacional com vista à ajuda financeira a Portugal. O plano será discutido pelos ministros das Finanças da União Europeia na reunião de 16 de Maio. 


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