sábado, 26 de novembro de 2011

O Mundo à espera do fado como Património da Humanidade

Ainda este sábado ou amanhã, a UNESCO poderá anunciar o fado como Património Imaterial da Humanidade. Os responsáveis da candidatura estão bastante confiantes e destacam as vantagens de todo um processo que vem defender a tradição e preparar o futuro.

A candidatura portuguesa está ser avaliada na VI reunião do Comité Internacional da UNESCO, em Bali, na Indonésia, por um comité inter-governamental constituído por 24 países.

O presidente da Comissão Científica da candidatura do fado a Património Imaterial da Humanidade, Rui Vieira Nery, está no local e disse, ao JN, estar "muito confiante" na distinção. O musicólogo lembrou que "a candidatura do fado foi umas das sete consideradas exemplares. Não prevemos que haja nenhuma objecção", afirmou, revelando que têm acontecido "contactos bilaterais e informais com os vários países e as respostas que temos são muito positivas".

Mas, afinal, o que é que esta classificação traz de mais-valia?

"A mais-valia é o reconhecimento do fado como uma expressão que tem conhecido uma grande internacionalização e o facto de esta candidatura levar à preservação e ao estudo de uma memória muita rica", respondeu Miguel Honrado, administrador da Egeac, a empresa municipal que gere o Museu do Fado, em Lisboa, e responsável pelo empurrão da candidatura.

Rui Vieira Nery também destacou a própria candidatura como sendo, por si só, uma mais-valia, ao apostar em iniciativas como uma rede de arquivos, um plano de edições e, sobretudo, a criação de um programa educativo "desde o ensino básico até à universidade" que vai "propor módulos pedagógicos que possam ser utilizados pelos professores de História, de línguas, de estudos sociais ou de estudos artísticos." O musicólogo sublinha, ainda assim, que uma das grandes vantagens deste processo passa pela reconciliação do público português com o fado, bastas vezes conotado com a ditadura de Salazar. "Criou-se um movimento de apoio à escala nacional", rematou.

"O fado será colocado em lugar de destaque no Mundo, preservando, ao mesmo tempo, as suas características únicas nunca perdendo as suas raízes. Será algo que orgulhará, certamente, todos os portugueses", afirmou, por seu turno, a fadista Carminho, desde Espanha, onde actualmente ocupa o primeiro lugar das listas de vendas.

A opinião é corroborada, ao JN, pelo fadista Camané, que salienta o culminar "de um caminho que se percorreu para dar a conhecer esta música ao Mundo inteiro".

"Naturalmente que esta classificação vai suscitar maior interesse no público estrangeiro", apontou a fadista Kátia Guerreiro, considerando que, por cá, "também vai haver mais curiosidade e vamos captar mais público". Todavia, diz que a maior vantagem será "conseguir que o fado faça parte dos programas educativos".

"É, também, uma questão de auto-estima, numa altura em que estamos um bocadinho em baixo", comentou Ana Moura, para quem a distinção "vai mostrar ao Mundo que o fado não é só défice nem dívida pública e que temos uma cultura enriquecedora que vale a pena conhecer".

Rui Vieira Nery defendeu também que esta candidatura acabou por ajudar ao aniquilamento "daquelas ideias antigas de que o fado era uma música pobre e uma poesia pobre. Tudo isso, diz, já foi ultrapassado e a candidatura contribuiu".

(Se assim o desejar, visite aqui a fonte da informação)

Sem comentários:

Enviar um comentário