terça-feira, 6 de março de 2012

Grécia ameaça incumprir totalidade da dívida de credores que rejeitem troca de dívida

O Governo grego disse que não pretende reservar dinheiro para pagar aos credores que rejeitem o acordo de troca de dívida, com que o Estado pretende reduzir o valor das obrigações no valor de 206 mil milhões de euros.

Num anúncio feito pela Agência de Gestão da Tesouraria de Atenas e citado pelo “Financial Times”, o Governo grego fez saber que “não contempla a disponibilização de fundos para fazer pagamentos aos credores do sector privado que rejeitem a participação” no acordo de redução do valor da dívida soberana da Grécia.

O país disse que está preparado para utilizar as cláusulas de acção colectiva em títulos que cobrem 86% da sua dívida e que podem envolver os credores no "swap", mesmo contra a sua vontade.

Os restantes 14%, explica a publicação britânica, não são abrangidos pelo direito grego, pelo que não lhes são aplicáveis as cláusulas de acção colectiva. A ameaça de incumprimento total da dívida é endereçada a estes credores, que serão os únicos a poder rejeitar o acordo, mesmo que uma maioria de 66% dos credores o aceite.

No entanto, este aviso tem implicações mais graves. Se a Grécia incumprir a totalidade desta parte da sua dívida, tornará muito provável a activação dos CDS (“credit Default swaps”) da dívida da Grécia. Este seria o primeiro incumprimento de crédito na dívida soberana de um país ocidental, nos últimos 60 anos, salienta o “FT”.

Os credores que têm dívida que está ao abrigo do direito internacional não deverão beneficiar de muita simpatia por parte das autoridades e da opinião pública, diz o jornal que cita fontes próximas do processo de troca de dívida.

Os investidores que compraram este tipo de títulos fizeram-no por esperar que eles fossem pagos na totalidade e estes privados compraram estas obrigações para beneficiar do “haircut” de 70% ao valor da dívida grega, sem incorrerem em perdas no valor nominal da dívida que compraram a desconto no mercado secundário. Estes investidores serão, na sua maioria, “hedge funds”.

“Eles vão ser retratados como ‘hedge funds’ oportunistas e ninguém terá pena deles. Isso quer dizer que se pode ser violento com eles. Eles precisam de ser lembrados que não estão perante uma livre opção”, ao tomarem esta decisão, disse uma das fontes citada pelo “FT”.


In' Jornal de Negócios

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