sábado, 11 de janeiro de 2014

As judiarias de Dieudonné M'bala M'bala

O espectáculo do humorista agendado para quinta-feira foi cancelado por intervenção do governo francês pouco antes de subir ao palco em Nantes
 
"Quando ouço o Patrick Cohen [jornalista judeu] falar... penso para mim mesmo... câmaras de gás... que pena!" Foram piadas deste tipo que fizeram com que Dieudonné M'bala M'bala não pudesse actuar na quinta-feira à noite em Nantes. O espectáculo que iria inaugurar a sua Tour de France foi cancelado poucas horas antes de começar, no mesmo dia em que um tribunal local tinha anulado a decisão que o proibia de continuar com as suas controversas actuações.

O limbo judicial fez com que a confusão se instalasse à porta do teatro Zenith, com a polícia a bloquear a entrada do edifício e as pessoas que tinham comprado os ingressos (segundo o "Independent", cerca de 6 mil, ao preço de até 43€, já tinham sido vendidos para a sua performance na cidade no oeste de França) a protestarem.

Condenado várias vezes por incitar ao ódio racial ou ao anti-semitismo durante os seus espectáculos, o comediante de 47 anos também popularizou o gesto conhecido por "quenelle", que segundo o ministro francês do Interior, Manuel Valls, é uma "saudação nazi invertida". A tensão criada no país com as provocações de Dieudonné tem dominado a comunicação social francesa, levantando questões polémicas em torno da liberdade de expressão e do anti-semitismo no país. O dia de quinta-feira é uma boa prova disso: a proibição da actuação envolveu várias autoridades, que vão desde o Conselho de Estado (o mais alto órgão administrativo do país), passam por Nantes e um tribunal da cidade e chegam a Valls, que quer que o cómico seja afastado de todos os palcos de França, denunciando o que classifica de "mecanismos de ódio" transmitidos ao público.

Na quinta-feira à tarde, apoiando-se no "risco para a segurança pública" e depois de o ministro do Interior ter pedido "firmeza e determinação" face à polémica, o Conselho de Estado decidiu cancelar o espectáculo que iria ser mais um "ataque grave" aos valores fundamentais franceses. Por seu turno, Dieudonné - que horas antes, quando conhecida a decisão do tribunal em Nantes de não proibir a sua actuação, escreveu na sua página de Facebook "Ganhámos!" - não se pronunciou e apenas pediu aos fãs para evitarem confrontos e irem para casa a cantar a Marselhesa, o hino nacional francês.


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