quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Draghi pede "tempo" para medidas de estímulo terem efeito mas avisa que o BCE está preparado para voltar a agir

O presidente do banco central foi à Finlândia - um dos países defensores da austeridade orçamental na Zona Euro - dizer que existe unanimidade dentro do BCE para usar "adicionais instrumentos não convencionais dentro do seu mandato" para aumentar a inflação e colocar a economia a crescer. Ler mais

Mario Draghi pede mais tempo para as medidas de estímulo do Banco Central Europeu (BCE) surtirem efeito. Se não resultarem, a autoridade monetária está preparada para voltar a actuar, avisou.


Num discurso realizado esta quinta-feira, 27 de Novembro, no parlamento finlandês, o presidente do banco central disse que já tem "indicações que este pacote de crédito está a surtir efeito, mas é preciso tempo para os efeitos positivos se materializarem por completo".

No coração de um dos países que mais tem defendido a austeridade orçamental, Mario Draghi voltou a avisar que está pronto a agir se for "necessário resolver os riscos associados a uma prolongada baixa inflação".

"O Conselho do BCE é unânime no seu compromisso de usar novos instrumentos não convencionais dentro do seu mandato", alertou, sublinhando que, tanto o BCE como o Eurosistema, os bancos centrais do euro, estão a preparar "mais medidas a implemementar, se necessário".

O banco central tem adoptado várias políticas monetárias expansionistas com o objectivo de aumentar a inflação da Zona Euro, actualmente num nível mínimo (0,4%). Já foram aprovados a operação de financiamento dos bancos a três anos com baixos juros (TLTRO), assim como dois programas de compra de dívida privada - "covered bonds" e ABS.

Estes programas "vão ter um impacto considerável na nossa folha de balanço, que esperamos que alcance a sua dimensão do início de 2012". O objectivo da autoridade monetária é que o balanço alcance os três biliões de euros, um valor muito acima dos 174 mil milhões de euros registados no final de 2013.

Economistas consultados pela Bloomberg consideram que o balanço vai crescer até aos 550 mil milhões de euros no final de 2015 e até aos 850 mil milhões até final de 2016.

As actuais políticas do BCE vão assim "contribuir para um recuperação gradual e para o regresso da inflação a níveis muito próximos, mas abaixo, de 2%", afirmou em Helsínquia.

Mario Draghi voltou assim a reforçar a sua mensagem de que o BCE está preparado para voltar a actuar. Ainda recentemente disse no Parlamento Europeu que "outras medidas não convencionais poderão incluir a compra de um conjunto de activos", incluindo "títulos de dívida soberana".

O seu vice-presidente também veio a público reforçar que a próxima fronteira em termos de política monetária expansionista é a compra de dívida pública, um programa que será semelhante ao "quantitative easing" da Reserva Federal norte-americana.

"Teremos que considerar a compra de outros activos, incluindo títulos soberanos no mercado secundário, o maior e mais líquido mercado de títulos disponível", afirmou Vítor Constâncio esta semana.

As palavras dos membros do banco central têm provocado um recuo das taxas de juro da dívida soberana nos países da Zona Euro, com Portugal a alcançar mínimos históricos.

O pacote de estímulos do BCE deverá ser alargado apenas no próximo ano, segundo a maioria dos economistas consultados pela Bloomberg. Apenas 21% consideram que o BCE vai aprovar mais medidas na reunião mensal de Dezembro que vai ter lugar na próxima semana, dia 4 de Dezembro.


In' Jornal de Negócios

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