segunda-feira, 15 de março de 2010

Mota-Engil desvaloriza mais de 3% após resultados e saída de CFO

A Mota-Engil encerrou a sessão em baixa de 3,44%, depois de ter chegado a afundar 3,84%, com a saída do CFO da construtora a pesar na tendência das acções, assim como os resultados de 2009, que foram considerados fracos pelos analistas.

A empresa liderada por Jorge Coelho fechou a valer 3,316 euros. Numa nota de “research” divulgada hoje de manhã, o BPI assinalava que a saída do CFO, Eduardo Rocha, deveria ofuscar o anúncio dos resultados, o que acabou por acontecer.

"Eduardo Rocha era o homem que os investidores conheciam e o administrador por detrás das operações mais relevantes que o grupo levou a cabo nos últimos 18 anos", referiu a análise do BPI.

Também o Millennium bcp assinala que a saída de Eduardo Rocha "é claramente negativa para as acções, pois Eduardo Rocha conquistou um forte capital de respeitabildiade que não será facilmente substituído".

Eduardo Rocha vai ser substituído por Luís Cardoso da Silva como "chief financial officer" da Mota-Engil na próxima assembleia geral da construtora, marcada para 31 de Março. Além da substituição do CFO na administração do grupo liderado por António Mota, entrará ainda para a gestão do grupo Maria Isabel Peres. A Mota-Engil passará a ter 15 administradores, mais um do que tem actualmente, e elevará para três o número de vice-presidentes. Jorge Coelho manterá o cargo de presidente executivo.

Reacções aos resultados não foram consensuais

A construtora apresentou esta manhã, antes da abertura da bolsa, os resultados de 2009 e as perspectivas para 2010. Alguns analistas consideraram estes resultados “sólidos”, enquanto que para outros foram “mais fracos do que esperado”.

O lucro atribuível ao grupo mais do que duplicou, animado por um crescimento de 14% do volume de vendas e pelo ganho obtido na Martifer. Com efeito, o resultado líquido consolidado da construtora cresceu para 71,7 milhões de euros, contra lucros de 30,56 milhões de euros no período homólogo.

Segundo os analistas do BPI, os resultados de 2009 foram “mais fracos ao nível operacional”, com o resultado líquido a ficar nos 3,8 milhões de euros no último trimestre de 2009, o que compara desfavoravelmente com os 15,2 milhões de euros estimados pelos banco de investimento.

Os analistas do Espírito Santo Equity Research destacaram que as vendas da construtora ficaram 2,7% abaixo das suas estimativas, com a actividade melhor da área de Ambiente e Serviços a não ser suficiente para compensar menor volume na construção e nas concessões de auto-estradas.

Já o Caixa BI referiu que “os números para 2009 reflectem uma performance forte da empresa” e sublinharam a carteira de encomendas de 3,6 mil milhões de euros, que compara favoravelmente com o valor em Setembro de 2009, que se saldava em 2,6 mil milhões de euros.

O UBS, que avalia as acções da Mota-Engil em 5,00 euros, e tem uma recomendação de “comprar”, afirmou que os resultados ficaram “em linha”, mas optou por centrar as atenções nas projecções da construtora. “O ‘guidance’ parece-nos um pouco cauteloso, com um crescimento de apenas um dígito nas receitas enquanto nós prevemos um aumento de 13%”.

Recorde-se que na sexta-feira se soube que as autoridades do México anularam o concurso para a construção de uma auto-estrada, por nenhum dos concorrentes ter apresentado uma proposta que atingisse o “nível de satisfação técnico”. Uma notícia que os analistas consideram com impacto “neutral a negativo”, porque havia alguma expectativa de que a construtora podia ter ganho esta concessão.


Fonte: Jornal de Negócios

Sem comentários:

Enviar um comentário