segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Banco de Portugal apela às empresas a procurarem financiamento externo

A administradora do Banco de Portugal, Teodora Cardoso, apelou hoje “à importância de as empresas portuguesas ganharem acesso directo a fontes de financiamento externo, pelo mérito da sua gestão e dos seus projectos, ficando menos dependentes do ‘rating’ da República". 

Durante a primeira conferência da Central de Balanços do Banco de Portugal (BdP), que hoje se realiza na Fundação Engº António de Almeida, no Porto, a administradora do Banco de Portugal justificou a necessidade de procurar financiamento externo e deu a receita às empresas. Segundo esta responsável, “tal implica reestruturações e mudanças de comportamento significativas”.

“Melhorar a informação prestada pelas empresas com vista a reduzir a assimetria da informação que caracteriza as suas relações com os financiadores é reconhecido, por toda a parte, como um dos factores mais relevantes para aumentar o seu acesso ao crédito e reduzir o prémio de risco que lhes é atribuído”, afirmou Teodora Cardoso.

Ainda durante a sua intervenção, intitulada “Desafios às empresas portuguesas na actual conjuntura”, a administradora do BdP reflectiu sobre o impacto que a discussão do Orçamento do Estado teve na economia portuguesa. “O debate político em torno das medidas orçamentais e da necessidade de reformas estruturais não contribuiu para o reforço de confiança na economia portuguesa, que teria sido indispensável para obviar a essa evolução”.

“Pelo contrário, as notícias relativas à execução orçamental em 2010 apontaram para a insuficiência da correcção e aumentaram não só o prémio de risco atribuído à dívida portuguesa, como a dificuldade de acesso dos bancos portugueses às fontes de financiamento estáveis e a que normalmente recorriam”.

Teodora Cardoso analisa ainda que o final do ano de 2010 deixa Portugal confrontado com um novo período de ajustamento especialmente difícil porque o País precisa de corrigir a trajectória de endividamento face ao exterior. “Nessa correcção estará directamente implicado o Estado, mas também as empresas e os particulares, através da sua dívida aos bancos. Estas não são boas notícias para os empresários, mas seria pior alimentar ilusões que não podem fundamentar-se”, disse ainda a economista.


Fonte: Jornal de Negócios

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