Portugal não está a tomar as medidas necessárias para ultrapassar a crise financeira, algo que só acontecerá através do recurso à ajuda externa e à imposição de "regras duras", consideraram hoje alguns economistas.
"Precisamos de regras duras. Regras mais facilitadas foi o que nos meteu neste sarilho quando o Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) começou a ser simples e aumentámos o problema", disse aos jornalistas João César das Neves, à margem do debate "Reforma do Fundo Europeu de Estabilização Financeira: O que pode Mudar para Portugal?", promovido pela Associação Comercial de Lisboa (ACL).
"Precisamos de alguém que venha de fora e nos ponha na ordem e o Fundo (Monetário Internacional) podia fazer isso. Nós precisamos de apertar o cinto", considerou.
António Nogueira Leite, que também marcou presença no debate, afirmou que Portugal já não depende de si próprio, pelo que "são as consequências daquilo que a Europa vier a determinar que, de alguma forma, vão condicionar a evolução económica, social e política" do país.
Comentando a deslocação do primeiro-ministro a Berlim, onde se reuniu quarta-feira com a chanceler alemã, Angela Merkel, Nogueira Leite afirmou que "José Sócrates está a dizer o que disseram os governantes gregos e irlandeses até ao momento em que chamaram o fundo".
Se, por um lado, o economista advertiu que não critica, quer as declarações de Sócrates - segundo as quais Portugal não precisa de ajuda externa -, quer as de Angela Merkel, salientou que "a realidade é o que é" e Portugal não conseguirá suportar a dívida que tem.
"Não vamos conseguir suportar a dívida nas condições que temos, o Banco Central Europeu (BCE) não vai continuar a comprar a dívida portuguesa para sempre, se não houver flexibilização nas condições de possível intervenção ou de solução do nosso problema é evidente que se tornará numa situação insustentável", disse.
Além da necessidade de recurso à ajuda externa, seja do FMI ou do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF), outro tema aborda foi a eventual realização de eleições antecipadas, numa altura em que o Governo está a perder credibilidade junto da opinião pública devido às medidas de austeridade.
Segundo Pina Moura, antigo ministro das Finanças do governo de António Guterres, "as respostas que estão a ser dadas não são necessárias". Destacou que "hoje já não se navega à vista, está-se encalhado em diversos domínios".
Pina Moura referiu ainda que "a necessidade de responder à crise política com eleições antecipadas é uma consequência da natureza complexa e encalhada da situação política e da situação económica".
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