segunda-feira, 18 de julho de 2011

Agências de "rating" estão a perder clientes

Desde que muitas grandes gestoras de activos perderam bastante dinheiro com a má avaliação dos emissores de dívida por parte das agências de "rating", a relação de confiança nunca mais voltou a ser a mesma. E agora há cada vez mais laços a desfazerem-se.

Depois de ter cortado o “rating” de Portugal para o nível de “lixo”, a Moody’s fez o mesmo aos municípios de Lisboa e Sintra, bem como às regiões autónomas da Madeira e dos Açores. A reacção não se fez esperar: todos eles suspenderam as relações contratuais que mantinham com a agência de notação financeira. Mas não só. A ANA fez o mesmo, depois de ver a classificação da sua dívida reduzida de A3 para Baa3.

No final de 2010, o BES decidiu também cancelar o contrato que mantinha com a Fitch Ratings, em contestação com a decisão da agência de baixar o “rating” do banco liderado por Ricardo Salgado.

Mas não são apenas as câmaras municipais e algumas empresas portuguesas que estão a cortar ligações com as agências de “rating”, sobretudo com as três principais, todas elas norte-americanas: Fitch, Moody’s e Standard & Poor’s. Há também muitas empresas de gestão de activos que estão a tomar a mesma decisão, preferindo optar por criar equipas internas de avaliação dos riscos da dívida.

Segundo a Reuters, que contactou alguns dos maiores gestores de activos a nível mundial, muitos destes estão mesmo a romper os laços com as agências de “rating”, o que pode ser “o início do fim do domínio destas agências sobre os mercados financeiros globais”.

Os gestores responsáveis por milhares de milhões de euros de investimentos no mercado da dívida estão a rever as suas relações com agências como a Fitch Ratings, a Standard & Poor’s e a Moody’s Investors Service, cujas chamadas de atenção a Portugal, à Irlanda e aos EUA deixaram os bancos centrais em desespero no sentido de tentarem evitar um desmoronamento da Zona Euro, sublinha a Reuters. E dá exemplos.

“Cancelámos os nossos contratos com duas delas e desde então ainda não nos deixaram em paz. Tem sido muito irritante”, confidenciou à Reuters o responsável do departamento de investimento em dívida soberana de uma grande gestora de obrigações na Europa e que pediu o anonimato.

“Seria uma ingenuidade culpar as agências de ‘rating’ por tudo o que correu mal durante a crise financeira, mas todos os que dependem de terceiros para formarem as suas opiniões sobre investimento podem meter-se em ‘sarilhos’ (...). Os clientes pagam-nos para tomarmos essas decisões e seria completamente errado esquivarmo-nos a essa responsabilidade”, acrescentou o mesmo responsável.

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