quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Banca europeia com o maior ganho desde Maio de 2010 com resolução da crise

As acções da banca europeia dispararam hoje, depois de a Europa ter conseguido chegar a um acordo com os bancos sobre a sua participação no segundo resgate da Grécia. A resposta da Europa à crise de dívida estancou os receios e levou a que as bolsas disparassem. A banca francesa foi a que mais subiu, com ganhos superiores a 22%.

O índice europeu da banca (Stoxx) fechou a subir 8,91% para 149,02 pontos, com os 50 membros que compõem o índice a valorizarem. Esta subida do índice é a mais acentuada desde Maio de 2010, altura em que a Grécia oficializou o pedido de ajuda externa.

A noite de ontem foi determinante para este comportamento das bolsas. A Autoridade Bancária Europeia (EBA sigla em inglês) apresentou as suas estimativas para a recapitalização dos principais bancos europeus: são 106 mil milhões de euros que terão de ser injectados até ao fim de Junho de 2012.

Além deste factor determinante, que retira incerteza em relação ao sector da banca, foi ainda conseguido um acordo entre a União Europeia e os bancos sobre o desconto da dívida grega, bem como a ampliação do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF).

Banca francesa dispara mais de 20%

Os bancos que mais subiram na sessão de hoje foram os franceses. O Société Générale avançou 22,54% para 22,995 euros e o Crédit Agricole valorizou 21,96% para 5,942 euros. Também o BNP Paribas ganhou 16,92% para 35,13 euros.

Os bancos franceses vão precisar de 8.844 milhões de euros para completarem a recapitalização exigida pela Europa. Um valor bastante inferior às necessidades da banca grega, italiana ou espanhola.

Para a banca portuguesa, o valor agora identificado pela EBA fica muito próximo dos cálculos já avançados pelo Negócios, que apontavam para a necessidade da CGD, BCP, BPI e BES terem de abater oito mil milhões de euros (41%) aos seus fundos próprios, devido aos novos critérios de registo, que obrigam a contabilizar as perdas, implícitas nos valores de mercado, dos respectivos investimentos em dívida soberana, em particular da Grécia, Portugal, Irlanda e Espanha.

Ainda de acordo com os cálculos da EBA, a banca grega – que detém cerca de um quarto da dívida pública do seu país e que enfrenta, por tal, o maior impacto de um eventual perdão que pode ascender a 60% - precisa de injecções de capital de 30 mil milhões de euros. Ou seja, só os bancos gregos absorverão 28% do total dos 106.447 milhões de euros que terão de ser injectados na banca europeia para acomodar as perdas com dívida soberana e, simultaneamente, aumentar os rácios de capital para os mesmos 9% que estão a ser exigidos aos bancos portugueses.

Na lista dos mais vulneráveis, seguem-se os bancos espanhóis, com necessidades de capital cifradas em 26.161 milhões de euros, e os italianos (14.771 milhões).

Num outro patamar, encontram-se os bancos franceses (8.844 milhões de euros), logo seguidos dos portugueses (7.804 milhões). Segue-se a banca alemã (5.184 milhões). Em termos relativos, a banca cipriota – muito exposta a dívida grega – é das mais fragilizadas, com a EBA a antecipar que precise de 3.587 milhões de euros.

Privados vão assumir perdas de 50% da dívida grega

Outro acordo alcançado ontem visa o assumir de perdas por parte dos bancos nos empréstimos concedidos. Os líderes europeus chegaram a acordo com os representantes da banca para proceder a uma desvalorização voluntária da dívida grega em 50%. Além disso, o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) vai ser ampliado de 440 mil milhões de euros para 1 bilião de euros.

Estes acordos trouxeram algum ânimo aos mercados, já que reduziram o nível de especulação e de incerteza que imperava entre os investidores. Estas são as principais razões para a subida acentuada dos títulos dos bancos em bolsa.

E não são só os franceses a registar ganhos acentuados. O alemão Deutsche Bank subiu 15,35% para 32,795 euros, os bancos gregos também registaram fortes ganhos, o inglês Barclays ganhou mais de 17,58%. O ING e o Credit Suisse subiram mais de 10% e o UBS apreciou mais de 8%.

E os portugueses acompanharam a tendência. O BES subiu 8,69% para 1,576 euros, o BPI ganhou 7,16% para 0,569 euros e o BCP cresceu 6,37% para 0,167 euros, num dia em que trocaram de mãos 100,10 milhões de acções do BCP, o que corresponde ao volume mais elevado desde 28 de Abril de 2010 e supera a média diária dos últimos seis meses (39,9 milhões de títulos).

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