terça-feira, 2 de abril de 2013

Roubini: “Insistência da Alemanha” em penalizar os depósitos em Chipre “é o último sintoma da fadiga de resgates”


Roubini elege os Estados Unidos como o país mais bem posicionado a atendendo ao cenário económico mundial em 2013, logo seguido pelo Japão. O economista alerta para a fadiga de austeridade que assola países credores e intervencionados na Zona Euro.

Num texto de opinião publicado hoje no The Guardian, Nouriel Roubini elege a economia norte-americana como a melhor posicionada entre os países desenvolvidos, logo seguida pelo Japão.

Quanto à Europa, Roubini explica que o risco da “perda de acesso aos mercados de Espanha e Itália foi reduzido no último Verão” devido à intervenção do Banco Central Europeu. Porém, “os problemas fundamentais da união monetária – baixo potencial de crescimento, recessão contínua, perda de competitividade e elevada dívida pública e privada – não têm sido resolvidos”, alerta o economista.

Na opinião de Roubini, a União Europeia (UE) está cansada de austeridade. Este cansaço não se verifica apenas nos países em que têm sido implementadas medidas mais rigorosas. “A insistência da Alemanha” em impor perdas aos depósitos em Chipre “é o último sintoma da fadiga de resgates”. Roubini lembra também que outros países da Zona Euro “têm assinalado que resgates internos são o caminho do futuro”.

No caso de Chipre, a troika não emprestará dinheiro para salvar bancos, mas apenas para financiar as instituições e políticas públicas do Estado cipriota, com um empréstimo de 10 mil milhões de euros. Os custos de liquidação do Laiki e da profunda reestruturação do Bank of Cyprus – que representavam metade do sobredimensionado sector financeiro cipriota (equivalia a 800% do PIB) – serão suportados pelos respectivos accionistas, obrigacionistas, que assumirão perdas potencialmente totais, e, na medida do necessário, pelos depositantes com contas acima de 100 mil euros, valor que coincide com o limite da garantia de depósitos fixada na União Europeia. Nicósia admite que os depositantes possam sofrer perdas da ordem dos 60%. Segundo um levantamento feito pelo Barclays, 42% dos depósitos em Chipre estão em contas superiores a 500 mil euros, sendo que 46% estão em contas com menos de 100 mil euros, que não serão afectadas. A dos dois maiores bancos do país.

“A fadiga da austeridade na periferia [da UE] é claramente evidente”, escreveu Roubini no jornal britânico, num artigo de opinião que é ilustrado com uma manifestação em Portugal. As eleições italianas e as manifestações em Espanha e Portugal são para o economista sinais disso. A tirar vantagem deste descontentamento estão os “partidos populistas da esquerda e da direita que estão a ganhar terreno”.

Em relação à China, o economista afirmou que a mudança de líder não trouxe mudanças significativas à economia, já que o “modelo económico do país se mantém”. A economia chinesa continua “instável, desequilibrada, descoordenada e insustentável” refere Roubini, citando o antigo primeiro-ministro chinês Wen Jiabao. Conhecido pelas suas previsões pessimistas, o professor da Universidade de Nova Iorque escreve que em 2014 o país agora liderado por Xi Jinping pode enfrentar uma estagnação forçada, se não forem adoptadas reformas estruturais.

Sair do capitalismo de estado é para o Brasil, Rússia, Índia e China (BRIC) uma necessidade, segundo Roubini.

No texto em que apresenta “os vencedores e perdedores da economia mundial em 2013”, Roubini afirma que o “Médio Oriente se mantém um arco de instabilidade, de Magrebe ao Paquistão”. A Turquia, por possuir “população jovem, alto potencial de crescimento e um sector privado dinâmico”, procura tornar-se a maior potência da região, mas “enfrenta muitos desafios”, alerta Roubini, estando também a ser afectada pela recessão que afecta a Zona Euro.

Ter-se-ão os Estados Unidos tornado num “farol de esperança”, pergunta o chairman da consultora global de macroeconomia Roubini Global, para depois explicar que vários indicadores económicos mostram sinais de recuperação. A subida dos custos do trabalho na Ásia está também a beneficiar o país. Mas mesmo o vencedor corre riscos. O desemprego, o elevado endivadamento das famílias, o sistema politico disfuncional e os cortes na despesa que irão afectar o crescimento do país são alguns dos perigos.


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