quarta-feira, 29 de maio de 2013

Tecnológicas apostam na arquitectura para conseguirem inovação

As quatro maiores tecnológicas dos EUA preparam-se para gastar milhões na construção de edifícios que poderão valer prémios Pritzker aos autores. Mostrar que querem mudar o mundo e aumentar a produtividade podem ser alguns dos objectivos.
 
Quando a maior parte das empresas nos Estados Unidos da América (EUA) parecem apostadas em cortar no investimento imobiliário, surgem em cena as quatro maiores tecnológicas do país a contrariar qualquer possível tendência.

A Amazon quer fazer nascer bolhas gigantes no centro de Seattle, a Apple ambiciona materializar a “nave espacial” de Steve Jobs e a Google pretende acrescentar ao “Mountain View”, o “Bay View”. Já o Facebook escolheu o premiado Frank Gehry para desenhar o seu novo quartel-general, noticia a Reuters.

As estruturas idealizadas pelas empresas podem ser uma forma de passar uma mensagem que irá para lá dos dólares que guardam no banco. “Somos especiais, somos diferentes. Mudámos o mundo e vamos continuar a mudá-lo”, é uma das leituras possíveis destas decisões, afirmou à agência britânica, Margaret O’Mara, professora da Universidade de Washington.

Apesar de ter sido o seu próprio trabalho que permitiu a esta nova geração de tecnológicas ambicionar construções maiores e mais dispendiosas, os analistas receiam que as empresas possam “perder o foco”. Bill Smead, líder da Smead Capital Management lembra que “os líderes de empresas muito capitalizadas  por vezes esbanjam dinheiro”, cita a Reuters.

“Tenho pensado que a nave espacial da Apple vai ser apelidada ‘Death Star’ (estrela morta em tradução literal) porque o projecto é muito grande e o momento é muito mau”, afirmou o gestor de fundos da Ram Partners, Jeff Mathews à Reuters. A construção do edifício coincide com uma fase em que o ciclo de produto da tecnológica pode estar a atingir a maturidade, explicou Mathews.

Realizar o sonho de Steve Jobs, que acompanhava de perto o projecto, custará à Apple 5 mil milhões de dólares segundo estudos, citados pela Reuters. O espaço com capacidade para 12 mil trabalhadores poderá servir também como forma de atrair inovação através do recrutamento de novos talentos e assim trazer mais-valias à empresa.

“Os trabalhadores são mais produtivos no tipo de ambientes correctos”, afirma John Barton. O director do programa de desenho arquitectónico da Universidade de Stanford explica que embora possa ser uma medida cara, “se a produtividade aumentar 5%, pode ser inteligente”.

Caso se concretizem, as sedes destas tecnológicas terão em comum o facto de incentivarem os empregados a trabalharem em grupo.

As esferas da Amazon contarão com espaços próprios para o trabalho individual ou em grupo. No Googleplex, nenhum empregado estará a mais de dois minutos e meio de outro e, em Menlo Park, o Facebook quer transformar o equivalente a sete campos e meio de futebol num “open office”. Poder atravessar o escritório de um lado ao outro sem esbarrar com uma porta e ainda desfrutar de um parque no telhado é a oportunidade que Zuckerberg quer dar aos colaboradores. O porta-voz do Facebook Tucker Bounds afirmou que o investimento é “extremamente rentável”, e necessário para ajudar a empresa a desenvolver novos produtos.

Apple, Amazon e Facebook não contarão com incentivos fiscais ou financeiros, de acordo com a agência Reuters. Quanto à Google, não está claro se a empresa estará ou não a receber incentivos, segundo a mesma fonte.

Nos anos 50 do século XX, o arquitecto Eero Saarinen desenhou os “Bell Labs”, onde, durante anos de pesquisa, a AT&T deu os primeiros passos na tecnologia que possibilitou a criação de telemóveis e onde nasceram o laser e o transístor. O’Mara acredita que as actuais líderes do sector da tecnologia dos EUA estarão a tentar igualar em magnitude as inovações conseguidas por Saarinen.

Estas serão porém as páginas menos pessimistas da História. Há quem a ela recorra para lembrar casos como o da Borland Software, que gastou 100 milhões de dólares em escritórios na década de 90 do século XX, para depois ser absorvida pela Microsoft em 2008 por menos do que isso. Ou a Silicon Graphic e a Sun Microsystems, que viram os seus edifícios servirem de casa à Google e ao Facebook, refere a Reuters.


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