quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Alunos enfrentam falta de vagas para estágio na área de Saúde

Estudantes de cursos de Saúde na Paraíba têm enfrentado problemas para conseguir estágios, um dos responsáveis pelo treinamento prático durante a graduação. Se em todas as áreas de conhecimento a teoria vista em sala de aula deve estar aliada à prática adquirida através de estágios, quando se fala na área de saúde e em lidar com vidas, isto se torna ainda mais importante. Mesmo sabendo da importância dos estágios, alunos e professores reconhecem que há uma defasagem na formação.

Leon Cartaxo é estudante do oitavo período do curso de Medicina na Universidade Federal da Paraíba e acredita que a quantidade de vagas de estágio oferecidas não está sendo suficiente. “São poucas vagas, tanto o estágio curricular obrigatório quanto o estágio que não é obrigatório estão muito deficientes. Muitas vezes, como não tem local, a disciplina que deveria ter estágio curricular não oferece esta opção”, revelou.

Coordenador-geral do Centro Acadêmico, Leon conta que a mesma apreensão também faz parte do cotidiano de colegas de curso. “Por causa da falta de locais disponíveis para estágio, alguns estudantes que conhecem um médico vão acompanhá-lo para ver como é o dia a dia, mas isto não é um estágio. Com a falta de vagas, eu considero que a universidade acaba formando médicos que não tiveram a experiência que deveriam ter tido”, opina.

O problema é confirmado também pelo diretor do Centro de Ciências Médicas (CCM) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Marco Antônio de Vivo. Para o professor, existem duas principais causas para o problema em encontrar vagas: a lei de estágios, sancionada em 2008, e o aumento de faculdades particulares com cursos na área de Saúde.

No caso da nova lei de estágios, Marco Antônio destaca que o prejuízo foi nos estágios extracurriculares - aqueles que não são obrigatórios para que o aluno consiga concluir o curso. “Com a nova lei de estágios existe uma série de requisitos que a empresa precisa cumprir no caso dos estágios extracurriculares, entre elas está o pagamento de uma bolsa, auxílio-transporte, seguro e alimentação. Diante de tantas exigências, as empresas começaram a oferecer menos vagas e a dificuldade aumenta”, destacou o professor, que acha importante que os alunos façam estágio extracurricular para ter mais contato com áreas que tenham mais aptidão e que não são contempladas com os estágios previstos na grade curricular do curso.

Já quanto aos estágios curriculares, o diretor do CCM da UFPB acredita que a proliferação dos cursos de Saúde em faculdades particulares – que não possuem hospitais próprios onde os estudantes possam trabalhar a parte prática – tem diminuído a oferta aos alunos das universidades públicas. “O que acontece é que os alunos das universidades públicas estão de certa forma disputando espaço com os alunos das faculdades particulares. Com o crescimento das escolas particulares, sobretudo de enfermagem, estas entidades estão lançando mão da rede pública de saúde, que antes era usada só por alunos das federais. Quer queira que não queira, isto trouxe um prejuízo”, frisou, acrescentando que mesmo com o Hospital Universitário, os estudantes da UFPB precisam cumprir estágio em outras unidades de Saúde.

Marco Antônio acredita que este problema poderia ser amenizado com a criação de hospitais-escola nas faculdades particulares. “Defendo que as faculdades particulares tenham seus próprios hospitais, assim com as públicas têm os Hospitais Universitários. Não basta ter policlínicas ou laboratórios. Atualmente, o Ministério da Educação (MEC) só permite a criação do curso de Medicina se a instituição tiver um hospital”, opinou o professor.

Para o diretor acadêmico da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) – instituição aprovada –, José Luís Perez, o problema de vagas de estágios pode ser resolvido com planejamento e acordos firmados com Secretarias de Saúde. “Depende muito da capacidade de negociação. Temos convênios com as Secretarias de Saúde dos Municípios de João Pessoa e Cabedelo e com Secretaria de Saúde do Estado. Além disto, também temos convênios com hospitais filantrópicos e particulares que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Não faltam vagas para estágio para os nossos alunos e acredito que não deve faltar também para outras instituições”, destacou.

A estudante Suênia Isabel Leite dos Santos, de 24 anos, está no 4º período do curso de enfermagem na FCM e confirma que até agora não teve problemas em encontrar vagas de estágio. “A professora nos divide em grupos e cada grupo vai para uma unidade de saúde. Nunca tivemos problemas com local para estagiar”, afirmou.

Antes da prática com pacientes em unidades de saúde, Suênia contou que passou algumas aulas ‘treinando’ com manequins. “Primeiro vemos a teoria na sala de aula, depois vamos para o laboratório com manequins e depois que a professora vê que estamos mais ou menos prontos ela nos libera para o estágio em unidades de saúde”, relatou. “O estágio é muito importante, é onde desperta em você o interesse pela profissão. É o momento de pactuar a teoria com a prática”, acredita.



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