quarta-feira, 31 de julho de 2013

Bolsa nacional sobe 3% no mês da crise política

Os investidores parecem ter esquecido a crise política que abalou o país e que deixou o futuro de Portugal em suspenso durante três semanas. A bolsa nacional subiu mais de 3% no acumulado do mês, com o BES e a Zon a serem os destaques, ao avançarem mais de 18%.
 
A bolsa nacional fecho o mês de Julho com um ganho de 2,96% para 5.721,46 pontos, interrompendo assim dois meses consecutivos de perdas. Após o comportamento deste mês, o PSI-20 volta a estar em terreno positivo no acumulado do ano, registando uma subida de 1,17%.
 
Este mês foi marcado pela crise política. Foi logo a 1 de Julho que Vítor Gaspar apresentou a sua demissão. A bolsa perdeu 1,5% na terça-feira em reacção à notícia. Mas a “bomba” chegou no dia 2, quando Paulo Portas apresentou a sua demissão por discordar sobre a nomeação de Maria Luís Albuquerque para substituir Gaspar. Nesse dia o PSI-20 ainda chegou a reflectir na última meia hora de negociação, mas foi na quarta-feira que o tombo se deu, levando a bolsa a perder mais de 5%.
 
Contudo, Passos Coelho não aceitou a demissão do então ministro dos Negócios Estrangeiros e anunciou que ia iniciar conversações com o líder do CDS para chegarem a acordo. No final da semana foi entregar uma proposta a Cavaco Silva. No sábado, 6 de Julho, anunciou que o acordo estipulava que Paulo Portas passasse a vice-primeiro-ministro, com a responsabilidade de coordenação económica, coordenação com a troika e a reforma do Estado. Dias depois Cavaco Silva anunciou ao país que não ia agendar eleições e apelou a um entendimento alargado entre os três partidos que assinaram o memorando de entendimento.
 
Os mercados reagiram mal ao facto do Presidente da República não ter aprovado a remodelação do Governo, mas só levaram a bolsa a perder 2%. Em mente tinham o facto de Cavaco Silva ter-se recusado a convocar eleições antecipadas.
 
Mas a acalmia foi até sexta-feira, no dia do debate do Estado da Nação. António José Seguro afirmou que é preciso renegociar o programa. E apesar de nada do que disse ser novo no seu discurso, havia uma alteração: a imprensa internacional estava centrada na realidade nacional e as suas palavras ecoaram por toda a Europa, como se tratasse de uma posição que poderia pôr em risco o cumprimento do memorando de entendimento.
 
Durante a semana seguinte procederam-se as negociações entre os partidos políticos, tendo Seguro anunciado que não havia acordo na sexta-feira, 19 de Julho. No domingo, dia 21, Cavaco Silva fez nova declaração ao país: daria posse ao Governo apresentado por Passos Coelho.
 
Os mercados respiraram de alívio e levaram a bolsa a subir mais de 2% na segunda-feira seguinte.
 
15 cotadas apresentaram resultados
 
Mas não foram apenas os episódios políticos que marcaram o mês. A época de apresentação de resultados começou no dia 19, com a Portucel a dar o tiro de partida.
 
A tendência tem sido maioritariamente de queda, numa altura em que o contexto económico é adverso e em que as empresas estão a encarar dificuldades em fazer crescer as suas receitas.
 
Das 25 cotadas que apresentaram os seus números, apenas seis reportaram melhorias dos seus lucros e quatro cotadas apresentaram mesmo prejuízos.
 
Pela positiva destaque para a Impresa que conseguiu regressar aos lucros no primeiro semestre. Do lado negativo esteve o BES que reportou um prejuízo de 237,4 milhões de euros.
 
BES e Zon sobem mais de 18%
 
As “estrelas” do mês foram o BES e a Zon, ambos com ganhos superiores a 18%. Mas por razões diferentes.
 
O BES tem sido fortemente fustigado este ano pela crise política e pela recente subida das taxas de juro implícita nas obrigações. Apesar da subida de 18% registada ao longo do mês, o banco liderado por Ricardo Salgado continua a acumular uma perda de 18,44% desde o início do ano, pelo que a subida deste mês reflecte o acalmar da crise política – o BES subiu mais de 10% no dia a seguir ao Presidente da República ter anunciado que ia dar posse ao Governo.
 
Já a Zon beneficiou essencialmente de dois factores: melhoria dos resultados semestrais e aprovação por parte da Autoridade da Concorrência da fusão com a Optimus, ainda que com remédios.
 
As acções da operadora liderada por Rodrigo Costa fecharam o mês a valer 4,40 euros, tendo registado um acréscimo de 18,60%. A Zon tocou mesmo no valor mais elevado desde 15 de Janeiro de 2010 ao tocar nos 4,475 euros. Em máximos de 19 de Janeiro de 2010 esteve também a Sonaecom no último dia de negociação. As acções fecharam a valer 1,782 euros, mais 14,45% do que no mês passado, tendo tocado nos 1,847 euros.
 
Do lado oposto esteve o Banif que perdeu 84,95% este mês. A grande quebra foi precisamente no último dia do mês, altura em que passaram a negociar as novas acções provenientes do aumento de capital. O Banif fechou a valer 1,4 cêntimos, depois de ter chegado a perder mais de 78% na sessão para 1 cêntimo. O volume de acções negociadas do Banif disparou esta quarta-feira para 1,42 mil milhões, o que compara com a média de dois milhões de títulos negociados por dia nos últimos seis meses.
 
 
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